A proposta Paidéia é o projeto de Mortimer Adler para uma reforma radical do ensino público dos Estados Unidos. O filósofo partia do princípio de que uma sociedade democrática deve fornecer oportunidades educacionais iguais, não apenas proporcionando a mesma quantidade de ensino básico — isto é, o mesmo número de anos na escola —, mas também deve garantir a todos, sem exceção, uma educação da mesma qualidade.
O programa Paidéia pretende estabelecer um plano de estudos que seja geral, e não especializado; liberal, e não vocacional; humanista, e não técnico. Apenas desse modo é possível atingir o significado das palavras paideia e humanitas, ou seja, a erudição geral que todo ser humano deve possuir. Dividindo o ensino e o aprendizado em três modalidades — a instrução didática, expositiva; o treinamento, que se dá pela repetição; e o seminário, uma discussão à moda socrática —, o programa abrange o ensino de língua e literatura, matemática e ciências naturais, história e estudos sociais, educação física e artes manuais, e uma introdução geral ao mundo do trabalho; enfim, uma escolarização básica capaz de preparar toda criança para ser um eleitor instruído da democracia ganhar a vida e viver bem.
Publicado em 1982, o manifesto explicava e defendia a proposta, que depois foi completada, nos dois anos subsequentes, pela discussão de suas questões práticas e dos problemas de sua implementação, e por ensaios complementares dos membros do Grupo Paidéia — além do próprio Adler, Charles van Doren, James O’Toole, Jacques Barzun e muitos outros — esclarecendo pontos específicos do programa. Este volume que o leitor tem nas mãos traz, juntos, os três livros que delinearam a teoria pedagógica de Mortimer Adler.
Sobre o autor
Filósofo, professor e teórico da educação norte-americano, Mortimer J. Adler (1902-2001) nasceu em Nova York, no seio de uma família judia. Abandonou a escola aos quatorze anos e foi trabalhar como contínuo no New York Sun. Alguns anos depois, pretendendo tornar-se um jornalista, decidiu frequentar aulas na Columbia University para melhorar a escrita. Em Columbia, teve contato com as obras de Aristóteles, Santo Tomás de Aquino, John Locke, John Stuart Mill e outros. Dedicou-se tanto aos estudos que não conseguiu cumprir os requisitos mínimos para completar sua graduação. No entanto, logo a universidade o recompensou com um doutorado honorário pela qualidade de sua escrita.
Assim, na década de 1920, Adler tornou-se professor de psicologia, escrevendo vários livros sobre a filosofia e a religião ocidentais, além de suas próprias obras filosóficas. Nelas, ele evitava a linguagem acadêmica a fim de fazer com que seus pensamentos fossem acessíveis a qualquer tipo de leitor, e não apenas a especialistas e acadêmicos. Autor de mais de 50 livros, na década de 1930, tornou-se professor da Universidade de Chicago, ajudando a fundar o Institute for Philosophical Research da Universidade da Carolina do Norte, o Aspen Institute e o Center for the Study of the Great Ideas.
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