“Para mim, a questão dos tempos se resume a uma questão prática a respeito da condução da vida. Como devo viver? Logo nos primeiros passos para realizar nossos desejos deparamo-nos com limitações intransponíveis. Mas, se devemos aceitar o destino, não somos por isso menos levados a afirmar a liberdade, a importância do indivíduo, a excelência do dever, o poder do caráter. A revelação do pensamento tira o homem da escravidão e o liberta. A respeito de nós mesmos, podemos dizer corretamente que nascemos, e depois nascemos novamente, e assim inúmeras vezes. Passamos por sucessivas experiências significativas, as novas sobrepõem-se às antigas. Conforme os homens avançam na vida, adquirem outra maneira de ver as coisas, assim como novos critérios; uma intuição que despreza o que é feito para agradar o olhar, e ouvidos que não escutam o que dizem os homens, mas atentos ao que eles não dizem. O dia dos dias, o dia grandioso do banquete da vida é aquele em que o nosso olho interior se abre para a unidade das coisas e vê que o que é deve ser, e tem de ser, e é o melhor.”
Sobre o autor
Ralph Waldo Emerson (1803-1882) foi um renomado filósofo, ensaísta e poeta dos Estados Unidos, que passou a vida dando conferências e palestras por todo o seu país. Também viajou para a Europa, onde conheceu Stuart Mill e Wordsworth, e tornou-se amigo de Carlyle. Seu ensaio Nature (1836) marcou a consolidação do movimento cultural do “transcendentalismo” e a fundação do Clube Transcendentalista, do qual participaram também Thoreau e Margaret Fuller. Em seu discurso “The American Scholar” (1837), Emerson encorajava a criação de um estilo literário americano independente da Europa. “A conduta da vida”, de 1860, é sua sétima coletânea de ensaios.
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