Este livro é uma tese da USP, preparada inicialmente na França, sob a direção de Victor Goldschmidt, há cerca de 30 anos. Texto revisado, mas não modificado no essencial, nos diz o prefácio, tendo o autor mantido “quase intacta a redação primitiva”. Em primeiro lugar, trata-se de uma espécie de comentário perpétuo dos “Segundos Analíticos” de Aristóteles, comentário detalhado e pertinente, feito por um excelente helenista, um leitor atento de toda a obra de Aristóteles e um bom conhecedor crítico da maioria das interpretações anteriores à época da redação. Mas Oswaldo Porchat quis igualmente estruturar seu estudo a fim de conseguir pôr em evidência o problema que o próprio título do livro indica: qual é, segundo Aristóteles, o sentido e a função da dialética na obra científica.
Assim, ele dispõe e organiza as exposições, elucidações e observações de seu comentário em seis partes ou capítulos.
A primeira -“O Saber Científico”- diz respeito aos conceitos aristotélicos que servem para definir a noção de “epistéme”: necessidade, demonstração e silogismo. A matemática é proposta então como sendo, para o filósofo, o protótipo do conhecimento científico; retornaremos a essa tese.
A segunda parte -“O Saber Anterior”- faz um primeiro exame do estatuto das premissas e de suas condições de verdade. Ele introduz então a idéia de anterioridade de um conhecimento e da indemonstrabilidade dos princípios.
Esse será o tema principal da terceira parte -“Do Demonstrado ao Indemonstrável”. Mas então ele trata aí mais particularmente do sentido do universal, do acidente, do frequente e da necessidade das premissas, para finalmente retornar mais precisamente à indemonstrabilidade dos princípios.
A quarta parte é consagrada à “Multiplicação do Saber”, isto é, à pluralidade e incomunicabilidade dos gêneros de objetos de ciência. Duas questões essenciais são discutidas: a impossível unidade do saber científico e a tripartição das ciências em teóricas, práticas e poiéticas.
Na quinta parte -“Definição e Demonstração”-, Porchat parte do comentário detalhado das quatro questões do início do livro segundo dos “Analíticos” (2, 89b23): o “quê”, o “porquê”, o “se a coisa é”, o “o que ela é”, para expor o problema da relação entre definição e demonstração nas ciências.
É na última e sexta parte -“A Apreensão dos Princípios”- que se retoma e desenvolve o tema-título, já várias vezes brevemente abordado, da função aristotélica da dialética.
Sobre o autor
Oswaldo Porchat de Assis Pereira da Silva (Santos, 11 de janeiro de 1933 — São Paulo, 15 de outubro de 2017) foi um filósofo brasileiro. Cético, Porchat se nomeava como filósofo “neopirrônico”. Foi professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e da UNICAMP, e fundador do Departamento de Filosofia da UNICAMP e do CLE
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