Um bom livro é uma coisa perigosa. Nas mãos erradas, é como uma bomba alojada entre duas capas de papelão e, quando aberto, pode explodir o mundo. Ocorre que tudo o que pode ser dito sobre a inconveniência dos livros também pode ser dito sobre a inconveniência das crianças. Elas ocupam espaço, não são de uso prático e imediato, interessam apenas a algumas poucas pessoas, e apresentam todos os tipos de problemas. Elas também devem ser armazenadas eficientemente, e encaminhadas com o mínimo esforço possível à era digital.
Para isso, é preciso submetê-las a uma tremenda mudança alquímica: nós devemos assassinar a imaginação. Devemos substituir o maravilhoso mundo que nos cerca por um mundo artificial, onde, não a imaginação, mas os dispersos impulsos de nosso sistema nervoso possam vaguear. Precisamos dar à criança encarcerada a ilusão das colinas e planícies. Devemos substituir o ar livre por um espaço virtual. Devemos garantir que eles sejam submetidos às técnicas mais eficientes de adequação ao mundo em que irão viver, um mundo de ‘shopping centers’ todos iguais, de comida industrializada, papéis para assinar, entretenimentos de massa e a boa e velha política de sempre. Este livro foi escrito para lhes ensinar a fazê-lo.
Há dez maneiras garantidas de destruir a imaginação de seus filhos. Não afirmo que esta lista tenha esgotado as possibilidades, mas estou certo de que uma aplicação prudente de pelo menos três ou quatro destes métodos será suficiente para impedir que apareça um novo Beethoven, Dante ou Michelangelo. Boa sorte!
Sobre o autor
Anthony Esolen é escritor, tradutor e professor. Graduou-se na Princeton University e obteve seu Ph.D. em literatura renascentista pela University of North Carolina at Chapel Hill. Lecionou por décadas no Providence College e hoje é professor residente no Magdalen College. Traduziu para o inglês a Divina comédia de Dante, Da natureza das coisas, de Lucrécio, e Jerusalém libertada, de Torquato Tasso. Publicou mais de 600 artigos em periódicos como First Things, Crisis Magazine, The Catholic Thing, Touchstone e Chronicles, e mais de 10 livros, dentre os quais destaca-se Dez maneiras de destruir a imaginação do eu filho (vide Editorial, 2017).
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