O livro “Protestantismo e Progresso” (publicado originalmente em 1906), de Ernst Troeltsch, analisa a complexa relação entre o protestantismo e a formação da modernidade, sem triunfalismos ou dogmatismos. Troeltsch, teólogo e sociólogo alemão, colega de Max Weber, explora como o protestantismo, especialmente o luteranismo e o calvinismo, influenciou o “espírito moderno” que se consolidou a partir do final do século XVIII, mas também destaca suas limitações e conexões com a tradição católica medieval. Troeltsch argumenta que o protestantismo é, acima de tudo, uma potência religiosa, e não diretamente uma força cultural ou econômica. Seus impactos culturais (como os efeitos econômicos do calvinismo) são indiretos e não intencionais. O protestantismo contribuiu para a modernidade ao promover a liberdade individual, a crítica à autoridade eclesiástica e a separação entre Igreja e Estado (especialmente em países anglo-saxões e na França). No entanto, Troeltsch rejeita a ideia de que a modernidade seja um produto direto do protestantismo luterano ou calvinista, destacando que muitos avanços modernos ocorreram independentemente ou até contra essas tradições.
Sobre o autor
Ernst Troeltsch (1865–1923) foi um teólogo, filósofo, historiador e sociólogo alemão, conhecido por suas contribuições à teologia liberal e à sociologia da religião. Nascido em Haunstetten, na Baviera, ele se destacou como uma figura central no estudo da relação entre religião, cultura e modernidade, sendo frequentemente associado a Max Weber, com quem compartilhava interesses intelectuais. Troeltsch estudou teologia na Universidade de Göttingen, influenciado por teólogos liberais como Albrecht Ritschl. Tornou-se professor em Heidelberg e, posteriormente, em Berlim, onde também se envolveu com filosofia e ciências sociais. Sua abordagem interdisciplinar combinava teologia, história e sociologia.
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