Muita gente teve contato com as palavras conservador e conservadorismo na esteira das últimas campanhas presidenciais. A partir daí, não faltou quem usasse abundantemente expressões corno “onda conservadora”, “movimento conservador”, “agenda conservadora”, e o famigerado mote: “Liberal na economia, conservador nos costumes”. Entre a imprensa, que usava as expressões sempre em tom de crítica, e aqueles que as usavam para se autoqualificar, havia um ponto em comum: desconhecimento total sobre o conceito e o significado do conservadorismo. Ainda hoje falta conhecimento e sobra caricatura. E, principalmente, desde a eleição de 2018, o uso errado do termo “conservador” na política brasileira só fez aprofundar a confusão, a ignorância e a falsificação a respeito do pensamento conservador.
Uma parcela significativa de políticos, de seus apoiadores e de gente com muitos seguidores nas redes sociais usurpou o termo “conservador” para usá-lo como rótulo de suas teses políticas que são, quase sempre, anticonservadoras. Porque as ideias e práticas políticas que essas pessoas defendem são parcial ou totalmente contrárias aos princípios e à experiência histórica do conservadorismo, sem contar aqueles que têm um discurso e unia agenda claramente revolucionários. Elas acham que se opor ao socialismo, comunismo, petismo, progressismo, globalismo, à nova ordem mundial, ter uma posição moralista, professar alguma fé religiosa, defender unia certa visão de Deus, de pátria e de família as autoriza a reclamar o rótulo de “conservadoras” e de representantes do conservadorismo.
Sobre o autor
Bruno Garschagen é doutorando e mestre em Ciência Política e Relações Internacionais pelo Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa (IEP-UCP) e Universidade de Oxford (visiting student). É formado em Direito, pesquisador do Centro de Investigação do IEP-UCP, coordenador e professor de Ciência Política da Pós-Graduação em Escola Austríaca (IMB-UniÍtalo), podcaster, colunista, palestrante e autor do best-seller Pare de acreditar no governo (Editora Record).
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