O objetivo dos cinco volumes que compõem esta investigação não é examinar a teoria do conhecimento de ponta a ponta, analisando exaustivamente cada um dos seus problemas e apontando uma solução para todos eles. Tampouco estas lições são uma história completa da epistemologia, que, para ser respeitável, deveria entrar em infindáveis minúcias que certamente ocupariam mais alguns volumes igualmente robustos.
Antes, o leitor está aqui diante de um esforço filosófico que se concentrou num só ponto, de fundamental importância para a teoria do conhecimento, e cuja solução antecede a da maioria das outras questões que se costuma discutir em epistemologia e lógica — a saber: como podemos ter certeza de que conhecemos realmente alguma coisa?
Ou em outros termos: se, por um lado, a metafísica tem necessariamente como ponto de partida uma afirmação objetiva absoluta, podemos por outro lado dizer o mesmo dos nossos conteúdos de consciência? Isto é, também encontramos em algum deles uma afirmação objetiva absoluta, acompanhada de todas as garantias requeridas pela crítica mais exigente?
O autor empresta da história progressiva das ideias filosóficas apenas as fases essenciais, expressas na obra dos pensadores mais eminentes, que lhe servem como uma série de atitudes típicas diante do problema fundamental da epistemologia. Ele então dedica a cada uma dessas atitudes-tipo uma espécie de monografia, de modo que, pouco a pouco, a própria sucessão dessas monografias, sumamente interligadas, levará o leitor ao cerne do problema do conhecimento. Assim, pela eliminação das soluções inconsistentes ou incompletas, sugerirá a única solução possível — aquela que está extensamente desenvolvida nos últimos capítulos do último volume desta obra.
Sobre o autor
Joseph Maréchal, S. J. (1878–1944) fez parte da grande retomada do pensamento tomista conclamada por Leão XIII, ao lado de A.-D. Sertillanges, Étienne Gilson, e tantos outros escritores católicos. Nascido em Charleroi, na Bélgica, ingressou na Companhia de Jesus em 1895. Doutorou-se em ciências naturais pela Universidade Católica de Lovaina em 1905, e em 1908 foi ordenado sacerdote. Para especializar-se em psicologia experimental, trabalhou no laboratório de Wilhelm Wundt em Munique, em 1911. Por incluir e superar o idealismo de Kant em sua abordagem da obra de Santo Tomás, inclusive corrigindo as fragilidades do tomismo tradicional, Maréchal foi considerado o fundador de um tomismo novo e dinâmico, chamado “tomismo transcendental”. O primeiro volume de O ponto de partida da metafísica foi publicado em 1922, e o último, já postumamente, em 1947. Sua obra influenciou muitos teólogos e filósofos contemporâneos, entre os quais André Marc, Bernard Lonergan, Gaston Isaye e Karl Rahner
O ponto de partida da metafísica – Caderno 1: Da Antiguidade ao fim da Idade Média: a crítica antiga do conhecimento
O ponto de partida da metafísica – Caderno 2: O conflito entre racionalismo e empirismo na filosofia moderna, antes de Kant
O ponto de partida da metafísica – Caderno 3: A crítica de Kant
O ponto de partida da metafísica – Caderno 4: O sistema idealista em Kant e nos pós-kantianos
O ponto de partida da metafísica – Caderno 5: O tomismo diante da filosofia crítica
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