Habitualmente imaginamos a Revolução Francesa como uma revolta contra as velhas estruturas tanto da política como da religião. Supostamente, aquele foi um ato inconformista que se opôs não só à pompa do regime monárquico, mas também à aura sacra que a ele se vinculava. Será mesmo esse espírito emancipatório absolutamente desprovido de fé? Christopher Dawson – historiador tornado célebre pela tese de que a religiosidade é a força-motriz das culturas – demonstra que por trás do movimento havido no fim do século XVIII subsistia um verdadeiro panteão. O progresso, a democracia e a própria humanidade encontravam-se alçados à posição de deuses, que exigiam seus cultos, que impunham suas regras e que houveram sido anunciados por profetas.
Dividido em três partes, Os Deuses da Revolução investiga os antecedentes, o desenvolvimento e as reverberações daquele estado de espírito. Primeiro um apanhado das ideias políticas influentes desde a Reforma até os primórdios do Iluminismo, com destaque para as figuras de Rousseau e Thomas Paine. Em seguida, uma narrativa minuciosa das décadas de 1780 e 1790, em que se veem os traços de brutalidade da Revolução em curso. Por fim, notas mais interrogativas que conclusivas sobre as consequências daquele movimento: será reversível a tendência à adoração ao poder que o cristianismo silenciara mas a que os últimos séculos concederam novamente espaço? Os famosos livros de Christopher Dawson sobre história antiga e medieval comprovam que poucos eruditos estariam tão capacitados quanto ele a encarar esse problema que é crucial para a política e a cultura modernas.
Sobre o autor
Graduado em História pela Universidade de Oxford, Christopher Dawson também estudou Economia e Teologia. Foi influenciado pelas obras de Oswald Spengler e Arnold J. Toynbee e, embora tenha permanecido um estudioso independente por toda a vida, foi professor convidado de Estudos Católicos Romanos na Universidade de Harvard e de Filosofia da Religião na Universidade de Liverpool. Foi eleito para a Academia Britânica em 1943. Entre seus admiradores declarados, encontram-se gigantes como J. R. R. Tolkien e Russell Kirk.
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