Se, para Marx, a religião era o ópio do povo, para Raymon Aron o marxismo era o ópio dos intelectuais.
Ao longo de todo o século XX, algo como uma fé cega na doutrina marxista fez a classe intelectual de todo o mundo, não só a francesa ou a europeia, ser ao mesmo tempo impiedosa com as falhas das democracias liberais e indulgente com os maiores crimes e atrocidades, desde que estes tenham sido cometidos em nome da doutrina certa. Para analisar esse fenômeno e entender as suas origens, Raymond Aron precisou prestar mais atenção a essa estranha categoria social até então não muito esmiuçada pelos sociólogos — a intelligentsia.
Por que o marxismo sempre volta à moda mesmo em locais cujo desenvolvimento econômico desmentiu todas as previsões marxistas? Por que as ideologias do proletariado e do partido são tão mais bem-sucedidas quanto menor seja a classe trabalhadora? Quais circunstâncias comandam, nos diferentes países, a maneira de falar, de pensar e de agir dos intelectuais?
As respostas de Aron para esses e outros questionamentos vitais permanecem extremamente pertinentes nos tempos de hoje, igualmente marcados pela dependência ideológica.
Sobre o autor
Raymond Aron, filósofo e sociólogo francês, nasceu em Paris, em 1905. Doutorou-se em filosofia da história na École Normale Supérieure. Lecionou na Sorbonne e no Collège de France. Foi influente colunista do Le Figaro por trinta anos e do L’Express, onde manteve uma coluna política até sua morte, em 1983. Além deste livro, escreveu A sociedade industrial e a guerra, Dezoito lições sobre a sociedade industrial, O espectador engajado, O ópio dos intelectuais, Paz e guerra entre as nações.
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