Hereges é uma obra em que G.K. Chesterton (1874–1936) esboça a própria filosofia ao identificar os pontos fracos nas filosofias de seus contemporâneos. Um “herege”, explica, “é um homem cuja visão das coisas tem a audácia de diferir da minha”. Sua crítica não se limita à análise de autores específicos. Tem um sentido mais geral. Partindo da análise dos erros de um conjunto heterogêneo de escritores modernos, explica o que considera estar errado com o pensamento do mundo moderno.
Publicado em 1905, Hereges abre caminho para Ortodoxia, que surge três anos depois. Ortodoxia apresenta a filosofia de Chesterton no que chama de “conjunto de imagens mentais”. Hereges traz um relato mais analítico das filosofias dos escritores de seu tempo. Isso foi algo provocador. Na biografia de Chesterton, Maisie Ward (1889–1975) comenta sobre a animosidade com que o livro foi recebido. Críticos que tinham boas coisas a dizer sobre os escritos anteriores de Chesterton a respeito de Robert Browning (1812–1889) ou Charles Dickens (1812–1870) ficaram irritados ao perceber que ele voltara a atenção crítica para o que considerava “erros dos autores contemporâneos”.
A ideia central da filosofia chestertoniana está na importância do dogma. Numa era que celebrava o irracionalismo, Chesterton defendeu a razão. Ademais, insistiu que havia uma estreita ligação entre razão e religião. Como observou no capítulo final do livro, as verdades contestadas se transformam em dogmas. Por este ponto de vista, cada pensador é o fundador de um sistema filosófico que pode ser descrito como uma igreja. É por isso que num livro dedicado aos contemporâneos, Chesterton parece demonstrar pouco interesse nos traços pessoais ou nas fraquezas. Para ele, cada escritor era mais bem compreendido pelo exame do que chamava de “visão geral da existência” e, portanto, neste livro, um grupo de pensadores que quase não tinha interesse na religião formal é revelado como inconscientemente religioso.
Sobre o autor
Gilbert Keith Chesterton foi um jornalista e escritor Inglês, nascido em Londres em 29 de Maio de 1874. Foi educado na escola de St. Paul e em seguida ingressou na Slade School of London para estudar artes. A sua família era Anglicana, mas em 1922 Chesterton se converteu ao Catolicismo por influência do escritor Hilaire Belloc com quem mantinha grande amizade.
Sua obra mais conhecida do público é Ortodoxia na qual faz uma apologia impressionante do Cristianismo contra linhas de pensamento modernistas como o cientificismo, o ateísmo, o reducionismo, o determinismo e o relativismo. A sua retórica chama a atenção pela clareza e precisão nos argumentos, sendo fonte de inspiração para muitos pensadores e autores Cristãos. Outro livro apologético de grande importância é Hereges.
Chesterton também ficou conhecido em sua época pelos debates com George Bernard Shaw, H. G. Wells, Bertrand Russell e Clarence Darrow, nos quais sua lógica de pensamento e bom humor conquistavam o público.
Faleceu em 14 de Junho de 1936, deixando todos os seus bens para a Igreja Católica.
Comentários
Nenhum comentário ainda.