O mito é o tipo mais antigo de narrativa. Todas as sociedades humanas têm uma mitologia que é herdada e transmitida pela literatura. Daí os mitos perfazerem todos os nossos esquemas narrativos, como também a compreensão que temos de nós mesmos e de todas as nossas possibilidades de ação. Na cultura ocidental, são duas as principais fontes: a Bíblia e os mitos clássicos.
Para melhor compreendermos a estrutura da mitologia ocidental, na primeira parte do livro, Simbolismo na Bíblia, o aclamado crítico literário Northrop Frye apresenta um estudo da narrativa e da imagética dos textos bíblicos, baseado na concepção de sua unidade imaginativa e doutrinal. Pelo exame de seus temas e imagens recorrentes, Frye busca indicar como uma visão tradicional da Bíblia influenciou a poesia e o pensamento do mundo ocidental. Na segunda parte, Quatro idades: os mitos clássicos, a poetisa Jay Macpherson reconta os principais mitos clássicos, explorando suas interconexões e suas sobrevidas em tradições europeias posteriores. Combinando as tradições bíblica e clássica, A Bíblia e os mitos clássicos oferece ao leitor uma introdução abrangente e acessível à mitologia ocidental.
Sobre os autores
Herman Northrop Frye (14 de julho de 1912 — 23 de janeiro de 1991) foi um crítico literário canadense, um dos mais célebres do século XX. Nascido em Sherbrooke, Quebec, mas criado em Moncton, New Brunswick, ele passou toda sua carreira, incluindo seus dias de aluno da graduação, na Faculdade Victoria, Universidade de Toronto. Ele chegou à proeminência internacional quando ainda era estudante. A poesia profética de William Blake há muito era considerada divagações delirantes que nunca poderiam ser entendidas. Frye encontrou nela um sistema de metáfora derivado do Paraíso Perdido e da Bíblia. Ele publicou suas descobertas como Fearful Symmetry em 1947. Dez anos mais tarde ele expandiu sua visão, defendendo em Anatomia da crítica (Anatomy of Criticism, no original) que há certos arquétipos e símbolos usados por toda a literatura. Seu O código dos códigos (The Great Code, no original) examinou como as cenas e imagens da Bíblia são a base de toda a literatura ocidental. Dentro desse contexto, ele analisou a novela Dão-Lalalão de João Guimarães Rosa, na qual percebeu influências bíblicas do livro Cantares de Salomão. Ele também se ocupou de crítica cultural e social e recebeu 39 títulos honorários. Anatomia da crítica permanece um dos mais importantes trabalhos da crítica literária do século XX. Frye foi premiado com Medalha Lorne Pierce Medal da Royal Society of Canada em 1958. Em 1972 ele recebeu a Comenda da Ordem do Canadá.
Northrop Frye morreu em 1991 e foi enterrado no Mount Pleasant Cemetery em Toronto, Ontário. Em 2000, ele foi honrado pelo governo do Canadá com sua imagem num selo postal. Um festival devotado aos trabalhos de Northrop Frye é realizado anualmente em Moncton, New Brunswick no mês de abril.
Jay Macpherson (1931–2012) foi uma poetisa e professora canadense de origem inglesa, reconhecida tanto por sua obra literária como por sua pesquisa sobre mitologia clássica e padrões de romance na literatura europeia e norte-americana. Nascida em Londres, emigrou em 1940 com a família para o Canadá e estudou no Carleton College, McGill University e Victoria College da Universidade de Toronto, onde obteve mestrado e doutorado sob a tutela de Northrop Frye. Em 1957, venceu Prêmio Levinson de Poesia. Ensinou no Victoria College de 1973 até 1996. Influenciada pelas modernas teorias críticas de Northrop Frye e Robert Graves, a poesia de William Blake e canções elizabetanas, escreveu Nineteen Poems (1952), Earth Return (1954), The Boatman and Other Poems (1957), The Spirit of Solitude (1982) e outros. É considerada uma das maiores poetisas do Canadá.
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