Numa célebre passagem de sua Arte de persuadir, o gênio francês Blaise Pascal afirma: os homens quase sempre são levados a acreditar não no que está provado, mas naquilo com que concordam. É com base nisso que ele desenvolve, neste seu pequeno ensaio, uma série de maneiras de apresentar, de expor para as pessoas a conexão entre a verdade e os seus princípios.
A arte persuasiva de Pascal depende de que uma franca e honesta conversa seja estabelecida entre os interlocutores. Foi notando essa interrelação entre conversa e convencimento que a presente edição decidiu brindar o leitor com outro tratado igualmente precioso para quem se interessa pelo mundo da comunicação.
Para Montaigne, “o exercício mais frutuoso e natural de nosso espírito é a conversação”. Para o grande ensaísta francês, é pela conversação que robustecemos o espírito, e pela incapacidade de estabelecê-la é que o embrutecemos. Em A arte da conversação, Montaigne discorre sobre a prática daquele ato que “é, para mim, mais doce do que qualquer outro ato de nossa vida”: quais são os princípios da boa conversação, e quando podemos saber que estamos distantes de uma conversa saudável e edificante.
Sobre os autores
Michel Eyquem, Seigneur de Montaigne, nasceu em 1533, filho e herdeiro de Pierre, Seigneur de Montaigne (dois filhos anteriores morreram após o nascimento). Foi educado falando latim como primeira língua, e sempre conservou uma disposição de espírito latina; embora conhecesse o grego, preferia usar traduções. Depois de estudar direito, finalmente tornou-se conselheiro do Parlamento de Bordeaux. Casou-se em 1565. Em 1569, publicou a sua versão francesa de Theologia Naturalis, de Raymond Sebond; o seu Apologie é apenas em parte uma defesa de Sebond, em que estabelece limites céticos para o raciocino humano sobre Deus, o homem e a natureza. Em 1571, muda-se para sua terras em Montaigne, dedicando-se à leitura, à reflexão e à composição de seus Ensaios (primeira versão, 1580). Montaigne tinha aversão ao fanatismo e às crueldades do período das guerras religiosas, mas apoiava a ortodoxia católica e a instituição monárquica. Duas vezes foi eleito prefeito de Bordeaux (1581 e 1583), cargo que ocupou por quatro anos. Morreu em Montaigne, em 1592, enquanto preparava a edição final, e a mais rica, de seus Ensaios.
Um dos principais filósofos franceses da modernidade, Blaise Pascal nasceu na pequena cidade de Clermont-Ferrand, em 1623, e morreu em Paris, em 1662. Desde muito cedo, revelou grande aptidão para a matemática, como se vê pela invenção e produção da máquina de calcular e pelos escritos sobre as cônicas, o triângulo aritmético e a cicloide. No campo das ciências, seguindo o caminho aberto por Torricelli, dedicou-se às pesquisas sobre o vácuo e o peso da massa de ar, além de ter elaborado uma reflexão importante sobre a noção de método. Ainda bastante jovem, em 1646, Pascal tornou-se adepto do jansenismo, mas somente depois de uma experiência religiosa marcante, ocorrida na noite de 23 de novembro de 1654, sua adesão ao cristianismo ganhou a intensidade e a centralidade que o levariam a compor as Cartas provinciais e os fragmentos que, coligidos postumamente, haveriam de formar os Pensamentos.
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