Existem, também no trabalho intelectual, métodos e ferramentas que expandem a eficácia do espírito, assim como a alavanca multiplica a força de nossos músculos, ou como o telescópio amplia o alcance da visão. Existe uma perfeição técnica, obtida através da adaptação inteligente da energia às leis da memória, da atenção e às leis que regulam a energia corporal. A arte de aprender é a arte de saber obedecer às leis do espírito e do corpo.
Contudo, obedecer a leis inelutáveis é um sacrifício para nossa preguiça, para nossa vaidade, para nossa necessidade de atividade anárquica. Temos todos a vã esperança de que para nós essas leis não valerão. Portanto, preferimos deixar que as coisas aconteçam e que nosso desenvolvimento intelectual se dê aleatoriamente. Vivemos sob o regime do acaso. Nossas ideias se associam segundo suas atrações próprias, ao sabor da fantasia, e essa vida intelectual não passa de um devaneio ligeiramente coerente.
É para tornar seu trabalho mais prazeroso, mais fácil, mais fecundo — evitando que desperdicem suas energias — que lhes oferecemos este manual de aprendizado do trabalho intelectual.
Sobre o autor
Jules Payot foi pedagogo e acadêmico francês. Nascido em 1859 em Chamonix, faleceu em 1940 na mesma comuna francesa. Em 1907 foi nomeado reitor das universidades de Chambéry e de Aix-en-Provence. “A educação da vontade”, publicado em 1894, foi traduzido em 32 línguas, e este complemento o autor escreveu durante a Primeira Guerra, entre 1914 e 1919. Publicou também outros livros sobre filosofia moral e educação, como “L’apprentissage de l’art d’écrire” e “Autorité et discipline en matière d’éducation”. Admirador da doutrina psicológica da Igreja Católica, era, entretanto, um apologista da educação laica.
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