Coração das Trevas é um dos clássicos mais celebrados da literatura mundial. Publicado há mais de cem anos, influiu na obra de grandes escritores, fascinou e ainda fascina milhões de leitores que apreciam boa literatura e é sinônimo de excelência nos meios universitários. Hoje, quando o mundo parece mergulhar de novo em trevas, tornou-se também um texto de impressionante atualidade.
Esta obra-prima não foge ao estilo característico de Joseph Conrad, marcado sempre pela sutileza da observação, pelas meias-tintas da linguagem – não à toa muitos o consideram o criador do impressionismo na arte –, pelo cuidado em deixar espaço para a contribuição do leitor na formação das imagens e na conclusão da história.
O livro narra, com refinada arte e suave ironia, a viagem de um capitão de navio aos confins da África, numa área sob colonização europeia. A atividade mais intensa dos europeus lá era torturar escravos negros, para com eles matar ou desenterrar elefantes, a fim de juntar montanhas de chifres desses animais – o marfim –, mercadoria de alto preço da época. A crueza do tema, porém, não impediu Conrad de levar à imaginação do leitor o fascínio pela beleza e pela poesia das paisagens que visitava – a natural e a humana.
Ao mesmo tempo, com pano de fundo na barbárie que foi a exploração colonialista na África no século XIX, o livro empreende uma excursão aos limites mais extremos do comportamento do ser humano, no qual este se permite chegar às atrocidades mais infames, ao completo desregramento, à total obscuridade da razão. Bastava-lhe apenas a ideia autojustificadora de estar em missão de agente da civilização ocidental junto a povos que a ignoravam ou recusavam.
Sobre o autor
Józef Teodor Konrad Korzeniowski nasceu em 1857, em Berditchev, Polônia (hoje Ucrânia). Exilado com a família na Rússia, teve o primeiro contato com a língua inglesa através do pai, tradutor de Shakespeare, e outros autores de renome. Após abandonar sua carreira na Marinha, publicou o primeiro livro, A loucura do Almayer. A esse se seguiram doze obras de caráter realista e romântico e 28 narrativas breves. Entre as mais importantes estão Lord Jim (1900), O coração das trevas (1902), Nostromo (1904), entre outras. Joseph Conrad morreu em 1924, na Inglaterra.
Comentários
Nenhum comentário ainda.