Momentos decisivos de nossa história são aqueles nos quais o país poderia ter seguido rumo diverso do escolhido. Vejo três desses momentos, com perdão de Tobias Barreto, para quem, por sua conotação cabalística, o número três nunca deveria ser invocado nas análises que aspirassem à consistência: O primeiro configura-se nos séculos iniciais, quando escolhemos a pobreza e nos deixamos ultrapassar pelos Estados Unidos, depois de termos sido mais ricos; O segundo no século XIX, quando optamos pela unidade nacional, mas nos revelamos incapazes de consolidar o sistema representativo. Finalmente, o terceiro, no século XX, quando estruturamos em definitivo o Estado Patrimonial, recusando terminantemente o caminho da democracia representativa. Neste novo milênio, pode-se estar decidindo um quarto momento que, entretanto, somente se apresenta como interrogação: seremos capazes de enterrar o patrimonialismo.
Sobre o autor
Antonio Ferreira Paim nasceu no estado da Bahia em 1927. Filósofo de formação, concluiu seus estudos, durante os anos 50, na Universidade Lomonosov, em Moscou, e na Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro. Durante os anos de residência em Moscou, aprofundou seu conhecimento teórico sobre o marxismo e conheceu-lhe as práticas, na versão soviética, militante que era, então, do Partido Comunista Brasileiro.
Com o posterior alargamento dos horizontes e interesses intelectuais, assim como a experiência prática vivida, veio a inevitável ruptura, acabando por tornar-se um dos mais fecundos estudiosos da história política brasileira e do pensamento filosófico luso-brasileiro, assim como vigoroso defensor dos fundamentos da democracia representativa e liberal.
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