Marxismo e descendência é uma obra destinada a preencher um espaço importante, mas relativamente ignorado, no estudo e na compreensão de uma das mais influentes correntes do pensamento contemporâneo. Independentemente do valor filosófico que se atribua ao pensamento marxista e às suas variadas derivações, é inegável a influência exercida tanto no meio intelectual como na prática política, tanto no mundo das ideias como nos caminhos e descaminhos do poder. Talvez a maior dificuldade em abordar objetivamente essa corrente de pensamento esteja no fato de que passou a se constituir num referencial de alinhamento ideológico. Tendo se tornado a doutrina oficial de uma grande potência militar, expandiu-se, não apenas por adesão intelectual, mas também por via geopolítica. Ocupou o fulcro estratégico da Guerra Fria. Isto jamais contribuiu para um debate isento e desapaixonado dos seus fundamentos filosóficos, sociológicos, econômicos e políticos.
Nesta obra, Antonio Paim analisa a questão a partir do privilégio de ter tido sua primeira formação acadêmica no núcleo mais qualificado do debate marxista em Moscou. Isso lhe permitiu, depois de meio século de plena vida intelectual plena, na qual se dedicou ao estudo da Filosofia no seu sentido mais universal, fazer um balanço do marxismo e diversas formas de manifestação, procurando compreender como tanto no meio acadêmico, como na sua aplicação prática. As influências precursoras do marxismo são descritas, assim como as nuances que veio a tomar em decorrência, inclusive, dos diversos terrenos culturais em que agiu. Não se trata de uma obra que discute ideias filosóficas no éter, mas que procura explicitar, concomitantemente, a gênese dessas ideias e suas aplicações ao plano prático e histórico.
Sobre o autor
Antonio Ferreira Paim nasceu no estado da Bahia em 1927. Filósofo de formação, concluiu seus estudos, durante os anos 50, na Universidade Lomonosov, em Moscou, e na Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro. Durante os anos de residência em Moscou, aprofundou seu conhecimento teórico sobre o marxismo e conheceu-lhe as práticas, na versão soviética, militante que era, então, do Partido Comunista Brasileiro.
Com o posterior alargamento dos horizontes e interesses intelectuais, assim como a experiência prática vivida, veio a inevitável ruptura, acabando por tornar-se um dos mais fecundos estudiosos da história política brasileira e do pensamento filosófico luso-brasileiro, assim como vigoroso defensor dos fundamentos da democracia representativa e liberal.
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