Amiel escrevia em 1876: “Das minhas quatorze mil páginas de Diário, que se salvem quinhentas, é muito, é talvez demais”. No dia seguinte à sua morte, os primeiros editores dos Fragmentos do “Diário Intimo” corresponderam a essa tímida ambição. Publicaram, em 1883 e em 1884, os dois pequenos volumes, modificados na quinta edição de 1887, que fizeram o renome de Amiel, e que, reimpressos depois até o trigésimo milhar, foram traduzidos para várias línguas. Foi graças à sua seleção severamente feita que esse renome lentamente elevou o autor do “Diário Intimo” à primeira fila dos moralistas de língua francesa. Ninguém hoje lhe contesta mais esse posto eminente. De um crítico a outro, entre aqueles que em seu julgamento reproduzem na verdade o sentimento de inumeráveis leitores, dispersos em todos os países, os considerando são diversos sem dúvida, mas a conclusão é unânime. Na longa sucessão de frases que no curso das idades registra o pensamento contínuo do gênero humano, Amiel pronunciou palavras que ficam, com o sentido, o acento, a feição que o seu temperamento lhes deu, e acabamos de saudar nele, um dos exploradores mais ousados, um dos descobridores da alma humana.
Assim se referiu Liev Tolstói a este livro: “Tudo o que Amiel publicou e a que deu acabamento final – palestras, ensaios, poemas – está morto; mas seu Diário, onde, sem pensar na forma, falava apenas a si mesmo, está cheio de vida, sabedoria, instrução, consolo, e continuará entre os melhores livros que já nos foram legados, acidentalmente, por homens como Marco Aurélio, Pascal e Epicteto.”
Sobre o autor
Autor do Diário Íntimo, que se tornou referência para uma série de escritores, entre os quais Liev Tolstói, Fernando Pessoa e Otto Maria Carpeaux, e também alguns brasileiros, o poeta e crítico literário foi professor de Estética e de Filosofia em Genebra. É mencionado por Manuel Bandeira no poema “Não sei dançar” e foi traduzido para o português pelo filósofo Mário Ferreira dos Santos.
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