Para medir a influência da Ciropédia na cultura ocidental, basta lembrar alguns de seus maiores admiradores. Muito antes de se difundir como leitura obrigatória de empresários interessados em lições de liderança, a obra de Xenofonte sobre a vida do imperador persa Ciro já contava com leitores ilustres: ainda na Antiguidade, Alexandre, o Grande, e Júlio César aprenderam com o texto, que séculos depois também serviria de inspiração para filósofos iluministas como Rousseau e Montaigne. É sabido que Thomas Jefferson tinha dois exemplares do livro em sua biblioteca. Mas o beneficiário mais notório de Xenofonte foi certamente Maquiavel, cuja obra mais famosa, O príncipe, talvez não existisse tal como a conhecemos sem o legado da Ciropédia.
Consciente de que “o homem, por natureza, de todos os animais é o mais difícil de ser governado pelo homem”, Xenofonte, que lutou no Exército persa um século após as conquistas do grande imperador, fez da “educação de Ciro” uma mescla de biografia e exaltação, extraindo dela ensinamentos que perduram até hoje.
Traduzido do grego antigo por Lucia Sano, professora de língua e literatura gregas da Unifesp, a edição conta com texto de orelha de Renato Janine Ribeiro, para quem “nunca há liderança sem alguma aceitação, admiração e, por isso, obediência. Essa já é uma boa razão para lermos este livro, prestando atenção no que mudou — ou não — 2 600 anos depois da educação de Ciro”.
Sobre o autor
Xenofonte (c. 430 – 350 a.C.) nasceu em uma família aristocrática de Ática, região da Grécia Antiga que tinha Atenas como cidade central. Atuou como mercenário no exército grego de Ciro, o Jovem, em 401 a. C., e lutou contra os persas. Discípulo de Sócrates, escreveu diálogos socráticos e obras de história, educação e teoria política. Seu entendimento sobre a moralidade e a vida em sociedade foi de grande importância ao longo dos séculos.
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