“Homens comuns é o melhor livro do seu gênero — talvez mesmo o único. Ele descreve a transformação de um batalhão da polícia alemã, composto por homens da classe média burguesa. Eram, essencialmente, policiais comuns, educados antes da Juventude Hitlerista, e que, portanto, não haviam sido doutrinados quando jovens. Foram enviados à Polônia para “estabelecer a paz” — para arrumar a bagunça depois que os alemães a haviam invadido. Começaram prendendo todos os homens judeus entre 18 e 65 anos, reunindo-os em estádios e depois embarcando-os em trens. Mas este não foi o fim da história. Eles chegaram a um lugar muito, muito sombrio. Ora, no final do treinamento, esses homens iam mato adentro com mulheres grávidas nuas para dar-lhes um tiro na nuca. O mais horrível neste livro é que o autor detalha as etapas pelas quais isso ocorreu. O comandante da unidade dissera aos homens que eles teriam de fazer coisas terríveis, mas que poderiam voltar para casa se quisessem — portanto este não é um daqueles casos de pessoas apenas seguindo ordens. Há muitas razões para eles não terem ido embora, mas uma delas é que não seria “camarada”, por assim dizer, deixar os colegas fazerem todo o trabalho sujo enquanto eles davam o fora; seria covardia. E assim, as exigências para suas ações horríveis continuavam aumentando. A cada vez que aceitavam a exigência de fazer algo horrível, a probabilidade de aceitarem a próxima exigência aumentava. Um passo de cada vez. Esses homens estavam sofrendo terrivelmente; estavam fisicamente doentes, vomitando, e se despedaçando psicologicamente — mas não voltaram atrás. A questão é que acaba-se chegando a lugares muito ruins andando um passo de cada vez. Por isso, atenção a cada passo. Se você quer entender como se pode seguir um caminho terrível, é este o livro que você deve ler. São pessoas comuns que participam dessas coisas, e este é um pensamento muito, muito assustador.”
— JORDAN PETERSON
Sobre o autor
Christopher R. Browning (1944–) nasceu em Durham, na Carolina do Norte, e foi criado em Chicago. Recebeu seu diploma de bacharel no Oberlin College em 1968, e o doutorado na Universidade de Wisconsin-Madison em 1975. Lecionou história na Universidade Luterna do Pacífico e na Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill. Foi três vezes campeão do National Jewish Book Award na categoria Holocausto, uma delas com Ordinary Men, em 1994. Foi eleito Fellow da Academia de Artes e Ciências dos Estados Unidos em 2006. Browning atuou como testemunha especialista em vários julgamentos relacionados ao Holocausto, incluindo o segundo julgamento de Ernst Zündel (1988) e Irving vs. Penguin Books Ltd (2000). Aposentou-se em 2014 e tornou-se professor visitante na Universidade de Washington em Seattle.
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