Enquadrada na tradição da filosofia política clássica, e considerada um dos grandes livros da história intelectual moderna, esta obra histórica de Tocqueville analisa as origens e os significados da Revolução Francesa.
Diferentemente da historiografia acadêmica do século XX, nesta obra produzida em meados do século XIX – quando o estatuto científico da história ainda era objeto de vários questionamentos, e antes de os estudos sobre a Revolução serem absorvidos pela esfera acadêmica –, Tocqueville prefere uma exposição literária clara e simples de suas ideias a uma obra erudita, repleta de conceitos e de fontes, destinando-a ao grande público, e não somente aos especialistas. Sua composição privilegia a coerência lógica e explicativa aos planos cronológico e narrativo, e compõe-se de três Livros: o primeiro traz uma definição sobre o que foi a Revolução de 1789, o seu caráter; o segundo, uma exposição das causas de longa duração para o fenômeno, como as precondições da Revolução (ou fatores gerais e de longo prazo que, estendendo-se do final da Guerra dos Cem Anos a meados do século XVIII, coincidem com a consolidação do absolutismo monárquico e deixam pouca margem para a ação humana); o terceiro Livro, enfim, apresenta as causas precipitantes (causas de médio prazo ou conjunturais, em que o componente da responsabilidade humana é bastante acentuado).
Um observador objetivo da França revolucionária e do Estado despótico derrubado, o autor traça aqui um dos estudos mais profundos e influentes, que permanece uma discussão relevante e estimulante, sobre a questão da preservação da liberdade individual e política no mundo moderno. Um estudo eloquente e instrutivo que aborda ainda questões como a liberdade, o nacionalismo e a justiça.
Esta tradução inclui as extensas notas finais do autor publicadas na edição francesa de 1859, que atestam a complexa e sólida pesquisa factual e documental que embasou sua obra.
Sobre o autor
(1805-1859) Nascido Alexis Charles-Henri-Maurice Clérel de Tocqueville, em uma família aristocrática francesa, o conde de Tocqueville foi filósofo, político, sociólogo da democracia moderna, historiador do Antigo Regime, estadista e escritor. Tendo vivido no período mais crítico da história francesa, foi um defensor da liberdade e da democracia. Em 1856, no momento em que publicou O Antigo Regime e a Revolução, já era um escritor político consagrado e um estadista de considerável experiência – fora deputado entre 1839 e 1851 e ministro dos Assuntos Estrangeiros em 1849. Considerado um dos grandes teóricos da democracia americana, especulou sobre a natureza essencial da própria democracia: suas vantagens e seus perigos. A democracia na América, sua obra mais célebre, garantiu-lhe um título tão honroso quanto o ingresso na prestigiosa Academia Francesa (em 1842), o título de “moderno Montesquieu”. A questão que intrigou esse historiador tardio foi sempre a mesma: “Por que a marcha da civilização ocidental rumo à democracia assumiu formas revolucionárias na França?”. Tocqueville faleceu em Cannes, no sul da França, no dia 16 de abril de 1859. As suas obras incluem ainda Du système pénitentiaire aux États-Unis et de son application en France, publicada em 1833.
Comentários
Nenhum comentário ainda.