Nos textos que compõem este volume, ouve-se a voz de um humanista. Andrei Pleşu – ao mesmo tempo esteta, filósofo, educador e homem de ação – narra ao Ocidente as agruras da vida sob o regime comunista. Mas não se engane o leitor: não se trata de mais um daqueles livros que exigem estômago forte. Com humor tipicamente romeno, o autor fala sobre a alegria de saber que “No armazém da esquina há azeitonas! E não há fila!”; conta como era surpreendente saber que, no Ocidente, “se pedires uma cerveja, trazem-te uma cerveja”; e explica que a diferença entre a alegria do Leste Europeu e a da Europa Ocidental se encontra naquilo que é tomado como natural, como pressuposto. Os temas abordados aqui não são mera curiosidade cultural; antes, revelam preocupações que assolam também a nós. Quando trata das elites, do conceito de tolerância, ou mesmo do que está em jogo nas discussões ideológicas, Pleşu revela como muitos de nossos conceitos estão obscurecidos por um vocabulário que parece familiar, mas que, em última instância, é uma espécie de obstáculo à compreensão da realidade mesma. É difícil determinar se este livro é crônica do cotidiano, ensaio de psicologia social, discussão filosófica ou sociologia do mundo contemporâneo. Que essa leitura nos seja um convite à constituição de um “homem completo” e de uma “sociedade saudável”. Um homem completo e uma sociedade saudável têm necessidade ao mesmo tempo dos benefícios da subsistência e da reflexão; de meias e de sonhos; do pão diário e de utopias.
Sobre o autor
Andrei Pleşu, destacado intelectual romeno, graduado em Artes Plásticas e doutor em História da Arte, passou a interessar-se por discussões de ética, política e educação por influência de Constantin Noica. Foi ministro da Cultura e das Relações Exteriores após a queda do regime comunista na Romênia. Integrou a World Academy of Art and Science e a Académie Internationale de Philosophie de l’Art. É doutor honoris causa da Universidade Albert Ludwig de Freiburg im Breisgau e da Universidade Humboldt de Berlim.
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