No contexto do processo de transformação selvagem da humanidade e dos atuais modelos sociais, todos tendencialmente totalitários, quão importante é o enraizamento, ou seja, a relação orgânica e vital do homem com seu povo, o seu ambiente e a tradição? “Quem é desenraizado desenraiza, quem é enraizado não desenraiza”, afirma sibilina Simone Weil, apontando o desenraizamento como a mais perigosa doença das sociedades humanas, capaz de multiplicar-se. E é justamente sobre esse conflito essencial entre o que extirpa e a necessidade humana de raízes que se concentra a atenção da filósofa: uma necessidade fundamental, solo fértil essencial para o florescimento de outras necessidades humanas primárias, e uma das mais difíceis de definir, em uma sociedade contemporânea cuja proporção de desenraizamento atingiu um grau tão elevado que transformou esta doença crônica em normalidade. Em um livro extremamente denso e com um ritmo implacável, povoado por centelhas de pensamentos inesperados, a análise de Simone Weil revela o que parece ser o mal do nosso tempo: um processo enlouquecido que transforma a sociedade orgânica em sociedade mecânica, dá ao sentimento de fragmentação o nome de liberdade, e destrói a nossa relação plena com o espaço e o tempo, a nossa história e o ambiente no qual aprofundaríamos as nossas raízes espontaneamente.
Sobre o autor
Simone Weil nasceu em Paris em 1909. Nascida em uma família de judeus não-praticantes, Weil foi uma das pensadoras mais audazes e originais do século vinte. Formou-se em filosofia na École Normale Supérieure. Em 1934, a fim de poder falar com conhecimento de causa da condição operária, trabalha nas fábricas metalúrgicas de Paris. Em 1936 parte para Espanha, onde participa, ao lado dos republicanos, na Guerra Civil. Colabora com jornais ligados à Resistência e, em 1942, deixa a França e parte para Nova Iorque com os pais, fugindo ao extermínio nazista. Irá depois para Londres, onde continua a sua luta contra o nazismo. Morre nessa cidade em 1943, com apenas 34 anos.
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