“Em muitas coisas os poetas veem mais fundo do que reformadores, os psicólogos e os construtores de sistema: e esta — a causa do por que o Mundo chora — é uma delas. Habituados a se moverem em países misteriosos, obscuros, submarinos, os poetas verdadeiramente poetas guardam o passo leve, o gesto fino, o discernimento delicado, e assim evitam aqueles deslizes e as quedas feias e tristes […]. A poesia, pode-se dizer que é um tato espiritual para coisas transcendentes, vistas às vezes nas coisas mais triviais, que todo o mundo vê, vendo-lhe somente a trivialidade. Não admira muito, por isso, que estejam em Camões as mias finas intuições que escaparam entre os dedos grosseiros […]. E creio que se pode dizer que o melhor Camões não está no humanismo renascentista e na epopeia de lusíada: está na Lírica, que não tem nação nem data. E o melhor desse melhor gira sempre em torno dos temas simples, fundamentais, eternos, que são o Amor e a Fortuna.”
— Gustavo Corção
Sobre autor
Luís de Camões nasceu provavelmente em 1524 e morreu em 1580, em Lisboa. Soldado e poeta, viveu uma vida plena de aventuras a serviço do reino português, batendo-se contra mouros, beduínos e outros inimigos da coroa. Frequentou a corte de D. João III, onde, conta-se, fazia muito sucesso entre as mulheres. Viajante emérito seguiu para o Marrocos, onde perdeu o olho direito numa batalha contra os mouros.
Na costa da Conchinchina, seu navio naufragou e Camões perdeu a companheira Dinamene, mas conseguiu salvar os originais de seu futuramente épico Os Lusíadas. Usou seu enorme talento poético para relatar sua experiência como amante e aventureiro. Escreveu Os Lusíadas, poema-símbolo da língua portuguesa que relata a grande saga dos descobrimentos. Ficou célebre também pelos seus sonetos, considerados obras-primas do gênero pelo apuro poético e rigor da métrica.
Comentários
Nenhum comentário ainda.