Nesta obra, Ruy Afonso da Costa Nunes visa a examinar as mudanças que sofreu a filosofia no século XII — tanto a acepção do termo como a prática mesma e o seu ensino —, a fim de compreender a situação pedagógica da época do surgimento das universidades. Para tal, ele se presta a retornar à ideia clássica de filosofia dos gregos antigos, a perpassar todo o período helenístico e as atitudes do Padres da Igreja nos primeiros séculos, até chegar aos fundamentos do pensamento filosófico do século XII.
“Os pensadores dessa época, pela primeira vez em muitos séculos, tratam de valorizar o legado filosófico dos antigos, e entram a explorar-lhe as riquezas, observando-se, de sua parte, atitude de simpatia para com o saber profano […]. O século XII marca a retomada reflexiva do capital filosófico da Antiguidade, e o início do crescimento do saber, do aprofundamento da filosofia, da organização universitária, e do hábito do pensamento racional, da reflexão sistemática, que não mais desapareceriam do mundo ocidental.”
“Parece-me indubitável que houve um renascimento nesse século, desde que se entenda por renascimento a designação de um processo de renovação da cultura e de profundas transformações sociais numa sociedade portadora de uma cultura anquilosada […]; é uma Europa adolescente, na qual, após os tempos difíceis e sofridos da Primeira Idade Média, se assistiu a partir do século XII ao florescimento de nova civilização, diferente da antiga, em que se entrelaçaram vários elementos: a sabedoria grega, a organização romana, a força germânica, a imaginação céltica e a graça evangélica. Os frutos desse novo humanismo que se plasma no decurso de vários séculos, iriam transluzir nas grandes realizações do pensamento expresso na escolástica, cujo grande monumento será a ‘Suma teológica’ de Santo Tomás de Aquino no século XIII, e nos seus equivalentes no campo das artes, da política e do ensino: as catedrais, o parlamento e as universidades.”
Sobre o autor
Ruy Afonso da Costa Nunes nasceu em Sorocaba no dia 13 de maio de 1928. Bacharel e licenciado em filosofia, Doutor em educação e Livre-docente de filosofia e ciências da educação da Faculdade de Educação da USP, foi também catedrático de filosofia do Instituto de Educação Dr. Júlio Prestes de Albuquerque, professor fundador da antiga Faculdade de Ciências e Letras de Sorocaba, atual UNISO, e membro da Academia Sorocabana de Letras. Além dos quatro volumes de sua História da Educação — na Antiguidade Cristã (1978), na Idade Média (1979), no Renascimento (1980), e no Século XVII (1981) — publicou A formação intelectual segundo Gilberto de Tournai (1970), Gênese, significado e ensino da filosofia no século XII (1974) e A ideia de verdade e a educação (1978). Faleceu aos 11 de setembro de 2006, com 78 anos de idade, deixando uma imensa e rara biblioteca de aproximadamente 30.000 volumes.
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