“Meu nome é Sayragul Sauytbay. Venho de uma província a noroeste da China. Mao Tsé-Tung a renomeou como Região Autônoma de Xinjiang, mas, para nós, ela permanece sendo o Turquestão Oriental, nossa terra ancestral. Desde 2016, sob o comando do novo secretário-geral do Partido Comunista, Xi Jinping, ela se transformou no maior Estado de vigilância do mundo. Uma rede de mais de 1.200 campos de concentração existe acima do solo, e cada vez mais relatórios mencionam também campos subterrâneos. Estimamos que cerca de 3 milhões de pessoas se encontrem detidas atualmente. São homens, mulheres, crianças e idosos presos como animais, sofrendo lavagem cerebral, sendo humilhados diariamente e torturados de maneiras indescritíveis. Eles jamais cometeram um crime, e nunca foram julgados. Este é o maior extermínio deliberado de um único grupo étnico desde o Terceiro Reich.”
Este é o testemunho de alguém que escapou de um cenário infernal; cenário este que, visto tantas vezes por nós nos filmes e documentários sobre a II Guerra, parece estar muito longe, num passado superado. Atrocidades iguais ou maiores que aquelas, porém, estão acontecendo agora, e ainda está vivo e operante, tanto ou mais que no século passado, o sonho diabólico de desentranhar do coração humano o sentimento do transcendente, de dominar as mentes de maneira tão íntima e profunda que se troque tudo, todos os valores, a própria dignidade humana, e até mesmo Deus, pelo Partido.
Sobre as autoras
Alexandra Cavelius é redatora e jornalista. Teve seus artigos publicados em revistas renomadas e é autora de diversos livros sobre política. Também é autora do bestseller Dragon Fighter, autobiografia da ativista uigur Rebiya Kadeer, indicada várias vezes ao Prêmio Nobel da Paz.
Sayragul Sauytbay é uma médica e diretora. Em 2018, ela fugiu da China e depois contou à mídia sobre os campos de internamento de Xinjiang, que se assemelham aos campos de concentração modernos, onde as pessoas são “ reeducadas ” na China.
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