A Eneida é um clássico na primeira acepção do termo: obra que se torna paradigma poético e modelo a ser imitado. É nela que tantos grandes poetas, de Dante a Camões, se inspiraram, na saga de Eneias, troiano que, escapado da Guerra de Troia com a ajuda divina, viaja rumo à Itália, onde os fados lhe predestinaram fundar uma nova cidade, berço de um povo grandioso e de um império sem fim. Artista incomparável do verso e da música das palavras, Virgílio dedicou seus últimos dez anos de vida a essa epopeia única, ao mesmo tempo a epopeia de Roma e da condição humana, tão luminosa quanto sombria, tão alicerçada no passado mítico como no futuro.
Acompanhada de textos introdutórios, resumos dos cantos, notas e um dicionário dos principais personagens, termos e lugares, a tradução de Carlos Ascenso André, especialista em literatura latina, é fruto de muitos anos de esmero e pretende ser “um compromisso entre um trabalho de qualidade e rigor e uma obra ao alcance do grande público”. A tradução em verso livre mantém a proximidade ao original e oferece ao leitor a possibilidade de travar contato com a obra-prima de Virgílio e um dos livros fundamentais da nossa civilização.
Sobre o autor
Públio Virgílio Maro (em latim, Publius Vergilius Maro) nasceu nas vizinhanças de Mântua em 70 a.C., de família proprietária de terras. Estudou nas cidades de Cremona, Milão, Roma e, mais tarde, filosofia epicurista em Nápoles na escola de Sirão. Além de três epigramas reconhecidos como obra de juventude, o mantuano é autor das Bucólicas, que retoma os temas pastorais do poeta grego Teócrito (c. 310-250 a.C.); das Geórgicas, que celebra a agricultura e os trabalhos da terra, publicada em 29 a.C.; e da Eneida, “a gesta de Eneias”, de que teria lido excertos ao imperador Otaviano mesmo antes de concluí-la. No ano de 19 a.C., faltando apenas os retoques finais nesse grande poema, Virgílio parte para a Grécia com a intenção de conhecer de perto alguns dos cenários mencionados em sua obra, mas, com a saúde sempre precária, adoece e é levado de volta para Bríndisi, morrendo pouco depois de desembarcar.
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