Em 1903, o já famoso escritor Rainer Maria Rilke recebeu uma carta de um jovem aspirante a poeta, Franz Xaver Kappus, que buscava a orientação do “mestre”. Rilke não apenas respondeu aquela carta como seguiu com a troca de correspondências com Kappus por mais cinco anos.
Entre 1903 e 1908, portanto, as cartas trocadas entre Rilke e Kappus levaram a uma conversa franca entre mestre e aprendiz, entre dois homens dedicados à arte, à literatura, à poesia. As experiências compartilhadas entre os dois dialogam também com o leitor, fazendo dessa correspondência pessoal algo extremamente universal, capaz de conectar-se há mais de um século com leitores do mundo todo.
“Ninguém o pode aconselhar ou ajudar – ninguém. Não há senão um caminho. Procure entrar em si mesmo. Investigue o motivo que o manda escrever, examine se estende suas raízes pelos recantos mais profundos de sua alma, confesse a si mesmo: morreria se lhe fosse vedado escrever? Isto acima de tudo: pergunte a si mesmo na hora mais tranquila de sua noite: ‘Sou forçado a escrever?’ Escave dentro de si uma resposta profunda. Se for afirmativa, se puder contestar aquela pergunta severa por um forte e simples sou, então construa sua vida de acordo com esta necessidade.”
Sobre o autor
Rilke nasceu René Maria Rilke, em 1875, em Praga, então pertencente ao Império Austro-Húngaro. Após passar por escolas militares na adolescência, estudar história, literatura e filosofia e, estabelecendo-se na França, realiza uma monografia sobre o escultor Auguste Rodin, de quem foi secretário. Entre suas obras, ganham destaque, na poesia, os volumes Vida e Canções (1894) e Elegias de Duíno (1922), e na prosa, Os Cadernos de Malte Laurids Brigge (1910), seu único romance. Faleceu em Montreux, na Suíça, em 1926.
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