O que o leitor encontra neste livro é uma defesa da liberdade, que, embora tenha bases muito antigas, que remontam a Platão, atualmente é bastante incomum. Kuehnelt-Leddihn argumenta que a democracia traz consigo a semente de um novo autoritarismo. Após colher as previsões de muitos pensadores, desde o século XVIII ao XX, que partilhavam do mesmo temor, o grande cientista político esmiúça as fraquezas e os perigos inerentes à doutrina democrática, e a compara com aquela que acredita ser a forma de governo mais favorável à liberdade: a monarquia. Com base nisso, ao investigar as raízes históricas e intelectuais do Partido Nazista, ele conclui que os regimes totalitários do nazismo, fascismo e comunismo são, ao contrário do que se costuma crer, movimentos democráticos de esquerda, que têm suas raízes na Revolução Francesa e que não visam senão a incitar a revolta e a destruir as velhas formas da sociedade.
“Cinqüenta e um por cento da população de um país é o suficiente para que um governo totalitário seja instaurado. E esse governo, mesmo que oprima os outros quarenta e nove por cento da população, não perderá sua legitimidade. Um ditador à moda antiga, por sua vez, embora faça proveito de alguns privilégios, só conseguirá mantê-los se interferir de modo contido na vida privada dos cidadãos. Não seria exagero afirmar que o Congresso Americano e a Câmara Francesa detêm muito mais poder sobre a população de seus países do que um Luís XIV ou um Jorge III — cujos corpos putrefatos tremem de inveja dos políticos modernos. Nem em seus mais ambiciosos sonhos, a realeza absolutista do século XVII poderia antecipar metade das medidas autoritárias a que fomos acostumados — além das incontáveis restrições, o governo moderno pode, por exemplo, exigir declaração de renda, matrícula escolar obrigatória, serviço militar, exame sanguíneo pré-marital, e ainda coleta as impressões digitais de cidadãos inocentes.”
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