Um dos maiores poemas épicos da literatura ocidental – de uma tradição que inclui a Ilíada e a Odisseia de Homero, a Eneida de Virgílio e a Divina Comédia de Dante -, o Paraíso perdido foi publicado originalmente em 1667, na Inglaterra, em um período especialmente turbulento daquela nação. Seu autor, John Milton (1608-1674), foi um dos grandes intelectuais de seu tempo e destemido apoiador da Revolução Puritana inglesa, que depôs e executou o rei Carlos I e proclamou a República em 1649. Com a restauração da Monarquia em 1660, Milton caiu em desgraça e, por um problema de saúde, gradualmente acabou perdendo a visão. Foi nessa condição que ele compôs este espantoso poema de 10.565 versos, inspirado no Gênesis, que narra a rebelião de Satã contra Deus, a Criação do Mundo e a Queda do Homem pela desobediência de Adão e Eva no Jardim do Éden.
“Ela o toca, ela o arranca, e logo o come. A terra estremeceu com tal ferida; Desde os cimentos seus a natureza, Pela extensão das maravilhas suas, Aflita suspirou, sinais mostrando Da ampla desgraça e perdição de tudo.”
Esta edição segue a tradução original de Lima Leitão, publicada em 1840, restituindo versos emendados por edições subsequentes à sua forma original.
Sobre o autor
John Milton nasceu em Londres, em 1608. Estudou em Cambridge e na década de 1620 inicia sua carreira literária, escrevendo poesias, ensaios e peças teatrais. Em 1638 publica Lycidas, considerado hoje um dos mais belos poemas em língua inglesa, e viaja para a França e a Itália, onde conhece Galileu Galilei. Com o início da guerra civil na Inglaterra, entre os defensores da Monarquia e os puritanos burgueses, Milton retorna a seu país e se engaja no lado puritano. Nos anos 1640 publica uma série de ensaios sobre temas polêmicos do momento: o governo, a igreja e o casamento, e em 1646 lança a coletânea Poems of Mr. John Milton, both English and Latin, and, A Maske of the Same Author. Em 1649 a Revolução Puritana é vitoriosa, o rei Carlos I é preso e executado, e a República é instaurada. Milton assume cargos oficiais e torna-se o principal intelectual do novo governo, mas, por um problema de saúde, sua visão vai progressivamente se deteriorando. Em 1660 a Monarquia é reinstaurada na Inglaterra e o rei Carlos II sobe ao trono; Milton cai em desgraça e só escapa da condenação à morte devido a seu grande prestígio na época. Já praticamente cego, começa a trabalhar na composição de sua obra-prima, o Paraíso perdido, um poema épico de mais de 10 mil versos sobre o Gênesis e a Queda do Homem, que é finalmente publicado em 1667. Em 1671 lança uma sequência da obra, Paraíso reconquistado, e três anos depois publica um segunda versão do Paraíso perdido, com o acréscimo de alguns versos e a mudança de dez para doze cantos. Falece em 1674 em sua casa de Bunhill Fields, no norte de Londres.
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